domingo, 8 de abril de 2018

Dia 27 - 1/01/2018 De algum lugar no deserto da Bolivia a Lirima no Chile


Vigésimo sétimo dia
1/01/2018 De algum lugar no deserto da Bolivia a Lirima no Chile

E 2018 começou e eu estava no meio do deserto da Bolívia sozinho, um jeito estranho de começar o ano, mas eu estava feliz. Foi uma noite tranquila e só me restavam uns 100 km de estrada de chão para chegar ao Chile. Andei até Negrillos, onde abasteci a moto, pois achava que não daria para chegar até a fronteira, paguei 9 bolivianos por litro, mais que o preço pra turista, em uma tienda, mas era o que eu tinha de opção e foram-se todos os meus Bolivianos (dinheiro). 


Segui até o próximo pueblo e pedi para um morador qual era o caminho para Pisiga e ele me apontou as montanhas, pelos pontos que eu tinha marcado no GPS o sentido não era aquele e pela folha que eu tinha impresso com um roteiro também não era por lá, mas como eu tinha o tanque cheio e podia arriscar resolvi ir por onde ele falou. Subi uma montanha e do alto podia ver o vulcão Tata Sabaya, que seria minha referência de estar indo para o lugar certo e na real estava, era outro caminho que também chegava lá. O caminho é bonito, passando por montanhas  e bofedales, espécie de alagado todo verde onde os animais vem beber água. Passei por alguns pueblos, em um deles vi duas crianças e lembrei de dar os brinquedos pra elas, quando eu estava voltando para entregar os brinquedos a mãe delas se escondeu de vergonha, entrei e sai e quando olho pelo retrovisor a mulher ia saindo de trás do muro. Típico de pessoas do interior de qualquer país.





Cheguei em Pisiga era meio meio dia, fiz o câmbio suficiente para completar o tanque e almoçar, abasteci, almocei e fui pra aduana. Estava vazia, peguei os papeis que sempre são os mesmos quando se entra no Chile, preenchi e fui para a imigração da Bolívia fazer minha saída e o cama me mandou ir primeiro pra aduana, inverso de todas as outras imigrações da Bolívia. Beleza, fiz aduana, depois imigração e depois a imigração chilena e quando fui fazer a aduana chilena, que sempre é um saco, mas dessa vez seria pior. Tinha um agente de mal humor fazendo tudo que podia pra me irritar. Depois de termido no balcão ele foi fazer a revista e pediu pra tirar tudo de dentro do bau e levar para o scanner as coisas maiores, nunca precisei fazer isso. Beleza, levei e passei pelo scanner e depois veio o outro agente da SAG, fiscal das coisas derivados de animais e vegetais, revistou novamente o que o primeiro agente tinha revistado e pediu pra ver o bau central, tirei as coisas de la, deixei só as sardinhas e o chocolate. Ele colocou a mao lá dentro pra ver o que tinha e achou uma sardinha ao molho de tomate estourada, eu procurei e não achei ainda, ele tirou a mão com os dedos sujos de sardinhas e fez uma cara de nojo. Ali eu ganhei o dia e e ele parou a procura e saiu. Com um sorriso no rosto comecei a  guardar as coisas tudo novamente com calma e sempre lembrando da cara dele.
Tudo guardado segui pela ruta 15 até a saída para o que eu esperava ser estrada de chão e para minha surpresa era asfalto, uns 30 km até começar a estrada de chão tão boa que dava pra andar na mesma velocidade que no asfalto, segui nela até chegar a subida da montanha que eu chegaria a 5045 metros de altitude. 



A moto já estava sem força e ainda tinha um vento contra para atrapalhar, ela foi até 4558 metros e parou, tive  então que trocar a coroa para continuar a subir e mesmo assim chegou uma hora que eu tinha que ir fazendo zig-zag na estrada e ainda ajudar com o pé no chão para terminar de subir, mas consegui. Lá em cima o frio era grande e quando comecei a descer que passava as sombras o frio era cortante. O sol estava baixando e eu ainda estava em cima da montanha e acampar por lá não seria uma boa, mas chegou uma grande ladeira que me levava para uma planície, no fim dela eu vi uma cava e fui lá ver se dava pra acampar dentro, pois ventava bastante. Depois de uns ajustes no chão eu pude montar  a barraca e entrar, pois o frio era grande e a madrugada prometia ser bastente fria.


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