Vigésimo sétimo dia
1/01/2018 De algum lugar no deserto da Bolivia a Lirima no Chile
E 2018 começou e eu estava no meio do deserto da Bolívia
sozinho, um jeito estranho de começar o ano, mas eu estava feliz. Foi uma noite
tranquila e só me restavam uns 100 km de estrada de chão para chegar ao Chile.
Andei até Negrillos, onde abasteci a moto, pois achava que não daria para
chegar até a fronteira, paguei 9 bolivianos por litro, mais que o preço pra
turista, em uma tienda, mas era o que eu tinha de opção e foram-se todos os
meus Bolivianos (dinheiro).
Segui até o próximo pueblo e pedi para um morador
qual era o caminho para Pisiga e ele me apontou as montanhas, pelos pontos que
eu tinha marcado no GPS o sentido não era aquele e pela folha que eu tinha
impresso com um roteiro também não era por lá, mas como eu tinha o tanque cheio
e podia arriscar resolvi ir por onde ele falou. Subi uma montanha e do alto
podia ver o vulcão Tata Sabaya, que seria minha referência de estar indo para o
lugar certo e na real estava, era outro caminho que também chegava lá. O
caminho é bonito, passando por montanhas
e bofedales, espécie de alagado todo verde onde os animais vem beber
água. Passei por alguns pueblos, em um deles vi duas crianças e lembrei de dar
os brinquedos pra elas, quando eu estava voltando para entregar os brinquedos a
mãe delas se escondeu de vergonha, entrei e sai e quando olho pelo retrovisor a
mulher ia saindo de trás do muro. Típico de pessoas do interior de qualquer
país.
Cheguei em Pisiga era meio meio dia, fiz o câmbio suficiente
para completar o tanque e almoçar, abasteci, almocei e fui pra aduana. Estava
vazia, peguei os papeis que sempre são os mesmos quando se entra no Chile,
preenchi e fui para a imigração da Bolívia fazer minha saída e o cama me mandou
ir primeiro pra aduana, inverso de todas as outras imigrações da Bolívia. Beleza,
fiz aduana, depois imigração e depois a imigração chilena e quando fui fazer a
aduana chilena, que sempre é um saco, mas dessa vez seria pior. Tinha um agente
de mal humor fazendo tudo que podia pra me irritar. Depois de termido no balcão
ele foi fazer a revista e pediu pra tirar tudo de dentro do bau e levar para o
scanner as coisas maiores, nunca precisei fazer isso. Beleza, levei e passei
pelo scanner e depois veio o outro agente da SAG, fiscal das coisas derivados
de animais e vegetais, revistou novamente o que o primeiro agente tinha
revistado e pediu pra ver o bau central, tirei as coisas de la, deixei só as
sardinhas e o chocolate. Ele colocou a mao lá dentro pra ver o que tinha e
achou uma sardinha ao molho de tomate estourada, eu procurei e não achei ainda,
ele tirou a mão com os dedos sujos de sardinhas e fez uma cara de nojo. Ali eu
ganhei o dia e e ele parou a procura e saiu. Com um sorriso no rosto comecei
a guardar as coisas tudo novamente com
calma e sempre lembrando da cara dele.
Tudo guardado segui pela ruta 15 até a saída para o que eu
esperava ser estrada de chão e para minha surpresa era asfalto, uns 30 km até
começar a estrada de chão tão boa que dava pra andar na mesma velocidade que no
asfalto, segui nela até chegar a subida da montanha que eu chegaria a 5045
metros de altitude.
A moto já estava sem força e ainda tinha um vento contra
para atrapalhar, ela foi até 4558 metros e parou, tive então que trocar a coroa para continuar a
subir e mesmo assim chegou uma hora que eu tinha que ir fazendo zig-zag na
estrada e ainda ajudar com o pé no chão para terminar de subir, mas consegui.
Lá em cima o frio era grande e quando comecei a descer que passava as sombras o
frio era cortante. O sol estava baixando e eu ainda estava em cima da montanha
e acampar por lá não seria uma boa, mas chegou uma grande ladeira que me levava
para uma planície, no fim dela eu vi uma cava e fui lá ver se dava pra acampar
dentro, pois ventava bastante. Depois de uns ajustes no chão eu pude montar a barraca e entrar, pois o frio era grande e
a madrugada prometia ser bastente fria.
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