sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

23º dia de Motupe a Chachapoyas 390 km

23º dia
Dia 29 de dezembro de 2016

 
Levantei ao nascer do sol, voltei pelo leito do rio até o asfalto e as 8:30 horas eu estava subindo a cordilheira, que nesta região do Peru não atinge grande altitude, em certa altura entrei em uma neblina e após passar puder apreciar a beleza de um vale cheio de nuvens e um céu aberto ensolarado. Continuei subindo por uma boa estrada que serpenteava as encostas das montanhas até os 2400 metros de altitude. No caminho foi possível ver nas encostas das montanhas, ao longo do rio que passava no fundo do vale, várias plantações com vários tipos de vegetais em pequenas áreas, são plantações para o sustento onde o pouco que sobra é trocado pelo que falta nas feiras de rua das cidades. Estas feiras são comuns em todas as cidades peruanas, em especial as de interior, centenas de pessoas montam suas barracas ou mesmo apenas um pano no chão com os produtos em cima para vender ou trocar alimentos e outros objetos.






Após subir a cordilheira, ainda com muita vegetação a descida foi em uma área árida com encostas rochosas até chegar ao rio Huancabamba, o qual segui por vários quilômetros pela ruta 3N e até Chachapoyas eu seguiria sempre ao lado de um rio, trocando de rutas e de rios, mas sempre ao lado de um. Ao cruzar o rio Marañon entrei na Amazônia peruana, nesta região tem apenas uma mata rala e baixa, e lá o clima já é mais quente e abafado. Uns 100 km antes de Chachapoyas a estrada vai seguindo o leito do rio por um vale que vai aos poucos ficando cada vez mais profundo e belo e na altura da cidade de Pedro Ruiz a estrada passa entre o rio e, em alguns lugares, uma encosta rochosa que foi cortada formando um túnel, mas sem a parede que fica para o rio.





Chegando na Amazônia peruana





Cascata Gocta.



Saí da rodovia para uma estrada de chão que ia até a cascata Gocta, com 771 metros de altura em 2 quedas, são 6 km até Cocachimba onde se pode ter uma ótima vista da cascata e se quiser pode se fazer uma trilha de 2 horas e chegar ao pé da cascata. Não ia ser o meu caso. Voltei e segui para Chachapoyas e perto das 17 horas cheguei ao centro da cidade, que ainda conserva casario da época colonial. A cidade em si não tem muitos atrativos, mas é ponto de partida para vários passeios à sítios arqueológicos e lagunas. Fui a um centro de atendimento a turista pegar um mapa dos locais que queria visitar e ver se teria algum outro lugar que eu não tinha colocado no meu roteiro.
Saí da cidade com chuva e procurando um lugar para acampar, uns 5 km a frente encontrei um lugar ao lado da rodovia, porém que não era possível ver dela, no meio de uma montanha. Montei a barraca com garoa.


Quilometragem do dia: 390 km
Quilometragem acumulada: 7895 km

22º dia de Trujillo a Motupe 300 km

22º dia
28 de dezembro de 2016

 
Era o dia de conhecer um dos lugares mais enigmáticos de todo o Peru, a cidade de Chan Chan em Trujillo.
Tinha acampado a uns 30 km de Trujillo e pelas 8 da manhã eu estava em frente a Chan Chan,. O horário de atendimento é a partir das 9, então eu tinha que esperar uma hora, enquanto não abria eu fui dar uma volta pelas ruínas ainda não restauradas, elas estão espalhadas por uma grande área e por meio delas tem algumas estradinhas, umas com cancelas e outras de acesso livre. As com cancelas estavam abertas e passavam por ruínas que ainda estavam com altura de até uns 5 metros. Andei por lá até perto das 9 e fui para a bilheteria, depois visitei i museu de Chan Chan, quem não tem muita coisa, mas conta um pouco da história e mostra como funcionavam os centros povoados de Chan Chan.
Chan Chan era uma cidade da cultura Chimú e contou em seu auge, no século XIV, com 50.000 pessoas em uma área de 15 km². Existem 10 áreas muradas, chamadas de cidadelas, e em volta destas áreas a população tinha suas casas. Todas as construções são feitas em adobe e por esta causa o sítio está na lista dos patrimônios em perigo. Cada uma das cidadelas pertenceu a um dos governantes da cidade, ao morreu o governador era sepultado na cidadela com seus bens, inclusive suas concubinas, que eram sacrificadas. O novo governo construía uma nova cidadela e era descendente do governo anterior, como os reinados.
As cidadelas eram o centro administrativo, religioso e comercial da cidade, tem áreas distintas para cada uma das atividades. No idioma que os Chimú falavam significa Sol Sol.
Diferente da maioria das outras culturas em Chan Chan não são encontrados desenhos ou esculturas que lembrem guerreiros, era um povo pacífico, voltado a pesca e agricultura e talvez por este motivo foi conquistado pelos Incas.


Abaixo uma sequência de fotos de Chan Chan
















 
Em minha visita acompanhei um grupo que estava com um guia para entender um pouco melhor a cidadela que visitávamos, a única aberta a visitação e restaurada. O lugar, pra quem assistiu a documentários sobre, é cultura pura, tão mágico quanto Machu Picchu.
Após a visita segui pela Panamericana para Lambayeque onde visitaria o museu Tumbas Reales de Sipan. A estrada até lá não tem atrativos, passa longe do mar em meio ao deserto, então era só acelerar.
Cheguei em Lambayeque as 16 horas, tive que deixar celular e câmeras no guarda volume e fui fazer a visita que consiste de em assistir a um vídeo de 15 minutos explicando como foi encontrada a tumba e retirados os objetos enterrados juntos aos corpos. As tumbas eram da cultura Mochica e datam do seculo II e III e pertenciam a um dos governantes, um sacerdote e outras pessoas e animais que foram sepultados juntos ao dois. Após o vídeo comecei a visita ao museu. Cada tumba tinha muitos objetos, cerca de 1000 pecas em ouros e outros materiais e imensa quantidade de cerâmicas, que foram cuidadosamente retirados e restaurados para serem expostos no museu. No andar térreo existem 35 manequins que representam a sala real e seu entrono político e a cada meia hora é feita uma apresentação com parte dos manequins que executam alguns movimentos acompanhado de uma trilha sonora que alguns dos manequins tentam segui com seus instrumentos.

 
Feita a visita, que durou quase duas horas segui então pela carretera 1NJ que iria me levar até uma rodovia para o interior do país. No dia anterior fiz minhas contas e vi que não seria possível ir até o Equador devido a viagem não render uma boa quilometragem por dia em função do número de paradas para visitar lugares, como a parte que eu queria visitar no Peru ainda tinha muitas paradas o ideal seria começar o meu retorno deste ponto para tentar conseguir ver tudo que tinha no roteiro deste ponto até o Brasil.
Perto de anoitecer em uma região com bastantes fazendas eu não estava encontrando um local para acampar, vi então um rio seco que uma maquina tinha alargado e era possível andar pelo leito, saí da estrada e entrei no rio e fui seguindo até achar uma saída que dava em uma plantação de cebola, foi nessa saída, protegida do vento e longe da vista de pessoas que montei a barraca, como não tinha previsão de chuva eu podia dormir despreocupado e caso viesse água, naquele ponto a água não arrastaria tudo, pois ficava fora do curso do rio.

 
Quilometragem do dia: 300 km
Quilometragem acumulada: 7505 km