quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

27º dia de Shorey a Cânion del Pato 270 km

27º dia
Dia 02 de janeiro de 2017
Trajeto do dia.


Acordei no meio da madrugada com dor de barriga, tinha alguns dias que estava com diarreia, e tive que sair da barraca pra dar uma aliviada. O céu estava limpo e estrelado, o que me facilitou um pouco em achar um lugar para fazer o serviço. Ao amanhecer vi que tinha acampado a 100 metros de um cemitério, o que pra mim não seria problema mesmo que tivesse visto ele a noite. 
Deixei a barraca e lona estendidos ao sol para secar enquanto comia e arrumava as as tralhas na moto. Ao iniciar a descida da cordilheira, que segue ao longo do vale do rio Moche, em uma curva parei para ver várias casinhas feitas em homenagem aos que faleceram em um acidente naquele lugar. Lá tinha um púlpito com a relação dos mortos, eram 40 pessoas que caíram com um ônibus de 200 metros de altura dentro de um rio. Mais uma vez um aviso para ter cuidado.

Desci o vale e cheguei em Trujillo pelas 11 da manhã. Vi uma placa indicando as Huacas del Sol e de La Luna a 5 km, eu não quis visitar quando passei por lá quando ia para o norte, mas pelo que ouvi falar delas nos outros sítios certamente valeria a visita. Segui então até o o museu das huacas, comprei os ingressos e segui para visitar o museu, onde é proibido tirar fotos. No museu são expostos objetos encontrados nas escavações das huacas, são cerâmicas de vários tipos e com vários motivos decorativos. Como os moches eram um povo guerreiro a grande maioria dos desenhos se refere a motivos militares. Existem também algumas peças em metal e outras em madeira, osso, conchas e tecidos. Fiquei mais de uma hora no museu lendo as informações de cada objeto.
Segui então para a Huaca de La Luna. As Huaca de La Luna e del Sol são considerados como um santuário Moche e foi a capital da cultura Moche do século I a.C ao IX d.C. A população vivia em volta destas pirâmides, sendo a Huaca del Sol era um centro administrativo enquanto a de La Luna era um centro religioso, onde eram realizados sacrifícios e oferendas. Ser sacrificado na cultura Moche era motivo de honra e na praça onde eram realizados os sacrifícios foram encontradas mais de 40 ossadas, os sacrificados ficavam onde caiam para serem comidos pelos condores. 
Apenas a hHuaca de La Luna foi estudada mais a fundo e restaurada em partes, é possível ver várias pinturas e esculturas nas paredes, esta huaca foi reconstruída 5 vezes. A cada reconstrução toda a huaca era recoberta por uma nova camada de tijolos de argila, remodelada e todas as pinturas e esculturas refeitas. Estes processos de construção e reconstrução consumiram 140 milhões de tijolos. No passeio pela huaca é possível ver 3 dessas camadas em uma parte que foi escavada. A Huaca del Sol foi pouco estudada e não tem áreas restauradas e a visitação não é permitida. Os únicos trabalhos de escavação que se percebem lá são na área entre as huacas, que é a área onde vivia a população.
As huacas foram abandonadas em função das mudanças climáticas provocadas por El Niños severos que abalaram a fé que os moches tinham em seus deuses.

Abaixo uma sequência de fotos da Huaca de La Luna.



















É uma visita imperdível para quem está na região.
Voltei para a moto e encontro ela deitada no estacionamento, o vento era forte e a areia cedeu. Segui para a cidade em busca de um lugar para almoçar e depois segui pela carretera Panamericana até a cidade de Santa, onde no mercado municipal eu comprei uma manta para substituir as peças de roupa que eu tinha perdido e segui pela ruta 12 para o Cânion del Pato. No início a paisagem não é das mais mais bonitas, mas conforme se avança em direção a cordilheira o vale vai estreitando e espremendo a estrada entre o rio e a montanha obrigando a estrada a copiar as curvas do rio.
Inicio do Cânion del Pato.


Segui até as 17:30, o sol já se escondia atrás das montanhas e o clima era ameno. Achei um lugar entre o rio e a estrada, de onde se tiravam pedras e areia, e lá mesmo montei minha barraca para na manhã seguinte seguir para o Nevado Huascaran.
Local do camping.

Quilometragem do dia: 270 km
Quilometragem acumulada: 8895 km

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