terça-feira, 31 de janeiro de 2017

13º dia de Los Palos a La Joya 380 km

13º dia
19 de dezembro de 2016
Trajeto do dia.

Acordei com o barulho de milhares de aves que ficam pela praia, desmontei minha barraca e arrastei a moto até a areia dura. Segui de volta por onde eu vim e peguei uma saída da praia diferente, areia mais fofa a moto atolou até o motor encostar no chão, ela patinava e quase não saia do lugar, até que um cara veio dar uma mão, empurrou a moto e consegui sair de lá. Cheguei em Tacna era 7 e pouco da manhã, ia ter que esperar até as 9 a seguradora abrir.
Tirando um pouco do sal.

Praça central de Tacna.

Fui para a praça central e fiquei por lá pensando no trajeto que faria nos próximos dias. Fui até um policial de transito perguntar onde teria uma casa de câmbio, ele me indicou cambista que ficam na rua umas duas quadras acima e então começamos a conversar sobra minha viagem e as coisas bonitas pra ver no Peru e ele também deixou claro a preocupação que eles tem pelos turistas, pois sabem que nos levamos dinheiro pra lá e por isso tentar nos tratar da melhor forma. Me deu algumas recomendações de segurança também. No geral a polícia Peruana foi sempre muito solicita e simpático, tanto quando eu era parado por eles ou quando eram parados por mim Achei um cambista e troquei 100 dólares, pensava em trocar o restante em Lima.
As 9 fui até a correto e fiz o SOAT pra 30 dias ao custo de R$170,00, aproveitei pra usar o wifi e mandar notícias e em seguida fui pra estrada, neste dia seria somente asfalto, nada de aventura. Segui pela Carretera Panamericana, que segue por toda a costa do Peru passando por inúmeras praias, falésias e as vezes entra um pouco no deserto. O vento pra quem segue rumo norte é sempre nas costas e para a Biz carregada foi muito bom, sem contar que pouca areia consegue entrar pelo capacete, pois as vezes tem muito vento e tempestades de areia não são raras.
Meu destino era a região de Arequipa para no dia seguinte seguir para a nascente do Rio Amazonas. Não tinha nenhum ponto para visitar neste trecho, então era aproveitar o asfalto lisinho e o vento a favor e acelerar.




Pelas 17 horas eu já tinha abandonado a beira mar e entrado em direção a Arequipa. Depois de subir até uns 3.500 metros de altitude começa um deserto, propriedade da aeronáutica que é usado para praticas de tiro não muito legal pra acampar. No meio deste deserto, uns 100 km antes de Arequipa, avistei um galpão, daqueles de lona, com casas de alojamento ao lado e que parecia não ter ninguém, fui lá conferir e realmente estava abandonado, fizeram e deixaram lá. Minha intenção era acampar no galpão, mas tinha um dos alojamentos com a porta aberta e ele era feito com placar de isopor, tipo câmara fria, então montei minha barraca la dentro protegido do frio e do vento. Aproveitei também pra trocar o filtro de ar da moto que estava bem sujo devido aos dias de off que encaramos.
Quilometragem do dia: 380 km
Quilometragem acumulada: 4830 km

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

12º dia de Geiser Puchuldiza-Chi a Los Palos-Per 350 km

12º dia
18 de dezembro de 2016

Trajeto do dia.

Depois de uma boa noite de sono em um lugar pra lá de sinistro voltei pra estrada. Tinha mais de 200 km de estradas de chão para percorrer e um banho em uma fonte termal para restabelecer minhas forças perdidas nestes dias de muito off-road por desertos e salares.



Mais um tombinho.

Inicialmente a estrada era bem firme dava pra manter 80 km/h, mas depois de mudar de estrada a coisa mudou passou a ser uma estrada de areia intercalada com partes com pedras soltas e sem sinalização que tornava a decisão de por qual caminho seguir uma questão de sorte acertar. Neste trecho comprei mais um terreno em uma bolsa de areia. Eu tinha saído do acampamento perto das 7 da manhã e pelas 9 eu chegava na divisa com a Bolívia, eu teria que andar uns 5 km dentro da Bolívia para então voltar ao Chile. Nesta região não tem aduana, ao chegar na fronteira eu ainda não tinha certeza de que ali era a fronteira, então parei pra perguntar à um grupo de umas 10 pessoas que estavam sentados lá no deserto, longe de tudo não sei o que faziam lá. Era muito frio ainda, tinham lagos com água congelada pelo caminho. Ao para a moto para perguntar se eu estava no caminho certo percebi que um dos caras estava com uma metralhadora, o cara não estava uniformizado, gelei na hora, perguntei sobre o salar de Surire e me apontaram uma montanha, disseram que era do outro lado. Segui então por uma estradinha que subia aquela montanha. Estradinha bem ruim com areia, ingrime e a uma altitude de mais de 4.000 metros. Antes de começar a subida passei pelo marco que indica a fronteira. Na subida a moto não teve forças pra subir devido a altitude e inclinação da estrada, tive que ajudar a empurrar, parcelei em 5 trechos e com muito esforço cheguei ao topo a 4.400 metros de altitude.

Divisa Chile/Bolívia



Salar de Surire

Salar de Surire

Do topo era possível avistar todo o salar, que eu imaginava ser maior. Desci sem pressa apreciando a beleza do local. Cheguei à terma de Polloquere no salar de Surire eram 10 da manhã com um frio ainda perto de zero. Li as recomendações da placa que tinha na entrada da terma, onde avisava para não exceder os 15 minutos de banho, lavar-se com água doce imediatamente após sair do banho, pois a água tem sais, enxofre e é sulfurosa com temperatura de 65º C. Quente pra caramba.
Eu estava sozinho no local. Coloquei uma garrafa de água pra esquentar, fiquei de cueca e fui pra água. A sensação é a mesma de quando no verão você põe o chuveiro na posição inverno, inicialmente parece que vai queimar, mas aí você vai relaxando e fica gostoso. O cheiro da água não é nada bom, parece ovo podre por conta do enxofre. Fiquei lá por 15 minutos, ao sair usei os 2 litros de água que tinha deixado esquentando pra tirar a água da terma do meu corpo. Foi interessante como eu não senti frio depois de sair da terma, mesmo estando muito frio, me enxaguei e me vesti sem passar frio. 

Banho na terma.

Após o banho segui margeando o salar até pegar uma estrada que subia uma montanha para seguir para Arica. Passei por algumas vilas e em uma descida bem ingrime com muitas pedras soltas. No meio da montanha aparecem dois pastores alemães quem vem atrás de mim e eu não podia acelerar, me arrepiei inteiro, os cachorros me acompanharam por um trecho, mas interessados na roda dianteira pra minha sorte. 




Abaixo fotos da estrada entre o Salar de Surire e Arica







Em uma parte da estrada, de uns 150 km, nenhum veículo cruzou por mim, uma estrada estreita e com milhões de curvas que passava sobre a borda de um cânion, muito bonita a visão que algumas vezes quase me tirou da estrada por prestar mais atenção à volta da estrada que à ela. 
Cheguei no asfalto da ruta A-35 já passava das 15 horas. Segui então para Arica, abasteci o suficiente pra chegar à Tacna no Peru e segui para a aduana. 

Deixando o Chile

Fiz a saída do Chile e segui para o lado peruano. Fui comprar a guia pra dar entrada na imigração do Peru, esta guia é comprada na lanchonete acima da imigração, a atendente me pediu 700 pesos chilenos, quase 4 reais, ou 2 soles. Eu não tinha nenhuma das moedas, então mostrei 2 reais e ela aceitou, disse que ia guardar de recordação.
Após a aduana segui para fazer o SOAT, seguro tipo carta verde, mas não aceitavam nem dólar, nem real e também não tinha cambistas ali, eu teria que ir até Tacna pra fazer o câmbio e lá contratar o seguro. Já estava pra escurecer quando eu estava a caminho de Tacna, então decidi ir acampar na praia, achei uma ruazinha e segui em direção ao mar, muito areão e o mar parecia nunca chegar, devo ter levado mais de meia hora pra chegar. Ao chegar na praia achei um jeito de entrar na areia e segui rumo norte por uns 5 km até achar um lugar longe da civilização, mesmo assim ainda tinha, era perto de uma lavoura de melancia e ainda tinha gente na roça, mas acampei mesmo assim. Eram trabalhadores não iam vir me fazer algum mal.
Montei a barraca enquanto o sol descia no mar do Pacífico. Uma visão muito linda que sempre sonhava, meus acampamentos anteriores na costa do Pacífico não tinham propiciado um por do sol tão bonito antes.

Hotel de frente para o mar.

Por do sol magnífico.

Quilometragem do dia: 350 km
Quilometragem acumulada: 4450 km

domingo, 29 de janeiro de 2017

11º dia de Coipasa a Geiser Puchuldiza 150 km

11º dia
17 de dezembro de 2016
Trajeto do dia

O amanhecer naquela vila abandonada foi gelado, após arrumarmos as coisas na moto ficamos no sol nos aquecendo um pouco e aproveitamos também para comer umas sardinhas com pão. Tinham várias lhamas algumas com filhotes pastando por lá também. Saímos já passava das 9 da manhã.



Abaixo fotos local do camping da noite anterior 





O restante de estrada que tínhamos até o asfalto eram apenas trilas pelo deserto, muito areão, levamos quase duas horas pra cumprir uns 30 km, mas enfim chegamos no asfalto depois de 2 dias de salar e muitas estradas ruins, foi muito bom rodar novamente sem preocupações e solavancos. Seguimos até Pisiga, fronteira com o Chile, paramos em um posto, perguntamos se teriam postos na cidade chilena de Colchane e disseram que teria, como a gasolina no Chile é mais barata que a boliviana pra estrangeiros deixamos pra abastecer no Chile. Também não fizemos cambio por pensar que teriam cambistas do outro lado.

Abaixo uma sequência de fotos do caminho entre o local do camping e a carretera que leva ao Chile.












Era meio dia e estava muito quente, compramos 2 litros de suco de laranja e seguimos para a aduana que tinha vários ônibus em uma fila para sair da Bolívia. Ficamos umas 2 horas na fila até podermos seguir para o Chile. Em Colchane fomos procurar posto e cambistas, não tinha nenhum dos dois. Parei na Comissaria e perguntei para o policial se alguém na cidade venderia gasolina, ele me indicou 2 lugares, fomos até lá e como não tínhamos pesos suficientes e dólares não eram aceitos o Edson teve que voltar clandestinamente para a Bolívia para cambiar uns pesos para podermos comprar a gasolina, eu tinha pesos para a gasolina que precisava, mas era vendido apenas em quantidade de 20 litros, o que seria suficiente para as duas motos. Depois de uma meia hora o Edson voltou e então abastecemos as motos e seguimos pela ruta 15 para o Geiser Puchuldiza, é um geiser localizado a 4000 metros de altitude e tem uma fonte que jorra água fervente a quase 10 metros de altitude ininterruptamente. 
Abastecimento no galão.


Ruta 15 no Chile


Cidadezinha as margens da ruta 15.


Saímos da ruta 15 depois de uns 40 km e seguimos por estrada de chão por mais uns 15 km até o geiser. Tiramos algumas fotos e ali nos despedimos. Já estava perto do por do sol e o Edson queria tocar até Poso Almonte, eu seguiria por estradas de chão até perto de Arica, passando pelo salar de Surire.
Geiser Puchuldiza


Carretera para o salar de Surire


,Hotel

Andei por quase uma hora, quando o sol já estava se escondendo atrás das montanhas avistei uma casa tipica andina abandonada e ainda com teto, segui pra lá e era perfeito, tinham duas peles de alpaca, montei minha barraca sobre elas. Jantei sentado em uma pedra em frente a casa contemplando a beleza do entardecer nos andes.
Entrei, fechei a porta e fui dormir, não demorou a aparecer companhias, eram os passarinhos que ali habitavam, vários, e deixaram alguns recados no teto da barraca.
Quilometragem do dia: 150 km
Quilometragem acumulada: 4100 km

sábado, 28 de janeiro de 2017

10º dia de Uyuni a Coipasa 300 km

10º dia
16 de dezembro de 2016

Trajeto do dia



Acordamos cedo, o dia seria puxado, a ideia era cruzar os dois salares, Salar de Uyuni e Salar de Coipasa, e chegar no Chile.

Acima do Edson fica o quarto do 3 pernas.

Caldo de llhama no café da manhã.

Fomos até Colchane por um asfalto novinho e que em breve começa a cobrar pedágio, onde entramos no salar. Na estrada que tinha entre o salar e Colchane paramos pra tirar fotos de umas esculturas de sal e veio um cara correndo dizendo que tinha que pagar pra tirar fotos, o Edson pagou 5 bolivianos, R$2,50, e teve o direito de pilotar algumas das esculturas e eu que não paguei fui o fotografo.

Quadriciclo de sal.


Esculturas de sal e museu.

Na entrada do salar paramos no monumento que homenageia um grupo que morreu no salar alguns anos atrás e seguimos para o monumento do Dakar. Era cedo ainda tinham poucos turistas e foi fácil tirar as fotos que queríamos. Fomos também visitar o Hotel de sal, esta desativado apenas vendem lembrancinhas lá hoje, que é muito legal, pois tem esculturas de sal e o teto transparente cria uma iluminação muito legal lá dentro.

Monumento do Dakar




Praça das nações.

 Abaixo sequência de fotos do hotel de sal.







De lá fomos para a Ilha del Pescado ou Isla Incahuasi. No caminho paramos para ver 5 cruzes que não estavam lá no ano anterior, era de um acidente ocorrido em 30 de julho de 2016, tinham ainda as marcas dos pneus e os restos de óleo e vidros no sal era um lembrete de que não dá pra brincar por ali e se manter atento. Pouco depois paramos para ver um buraco que tinha no salar, caberia uma roda inteira dentro, mais um motivo pra ficar de olhos bem abertos naquela planície. Eu já conhecia a ilha e como o Edson ainda não estava 100% por conta da altitude ele preferiu não subir, tirou fotos com uns cactus milenares ali mesmo sem pagar nada nem subir na ilha.

Lembrete de que devemos cuidar da velocidade no salar.


Vista do salar a partir de uma caverna na ilha 



Também tem buracos por lá, passar ai em alta velocidade pode ser fatal.



Ficamos lá por um tempo decidindo que rumo o Edson tomaria, pois ele queria chegar em casa para o natal, estudamos algumas possibilidades, como a volta por Tupiza ou então seguir mais um dia comigo e voltar pelo passo San Francisco, ele acabou decidindo por seguir mais um dia e fazer o passo San Francisco que era desejo dele a tempos. Pra mim foi ótimo, teríamos pela frente alguns terrenos ruins com muito areão e mais uns 150 km de salar pra rodar, até a ilha del Pescado tinham sido 80 km. Neste meio tempo vimos uma choupana ali na borda da ilha e pensamos em ir pra lá decidir o que fazer na sombra, pois o sol não perdoava ninguém, aí vimos uma plaquinha que fez a gente desistir de ir pra sombra, dizia: "Sombra 10 Bs". Pode isso? Cobrar por sombra!!!

A choupana que precisa pagar pra ficar debaixo.









Vista do salar de Uyuni de uma caverna perto Llica


Rumamos para o outro lado do salar a 80 km/h constantes e depois de pouco mais de uma hora chegamos na outra borda do salar de Uyuni, saímos dele e pegamos de cara uma estradinha cheia de costelas de vaca que nos levava para Llica, uma pequena cidade que fica entre os dois salares por onde todo ano passa o Dakar. O que me chamou atenção lá foi um pequeno forte do exército, pequeno mesmo, parece coisa de criança, de brinquedo, mas tinha um soldado em uma cancela na rua de acesso à cidade. Passamos esta cidade e começou o terreno mais difícil, areão e costelas de vaca, recebemos várias propostas de terreno por lá, mas não curtimos muito e seguimos até a borda do salar de Coipasa, identifiquei a ilha que seria nosso referencial e tocamos para ela. 



Vulcão entre Llica e o Salar de Coipasa



Por qual das duas ir?


Passamos por várias dessas.


Chegando no Coipasa




Diferentemente do salar de Uyuni que é seco o salar de Coipasa é bem úmido e em algumas partes molhado, o que fez as motos juntarem uma crosta de sal que em algumas partes passou de 3 cm de espessura.
Chegamos na cidade de Coipasa, do outro lado do salar, pedimos informação sobre a melhor rota a seguir para sair na carretera que leva pra fronteira com o Chile, já na saída por conta de uma informação um pouco confusa pegamos uma estradinha que acabou dentro de uma lavoura. Voltamos pedimos informação novamente e então pegamos a estrada correta, não tinha nada no GPS pra ajudar. Esta estrada já não tinha areão, agora o que eu tinha que cuidar era das pedras e costelas de vaca, estradinha bem ruim, passamos por um braço do salar e então pegamos a estrada que estava mapeada e que eu tinha programado passar. Já era perto de o sol se por e tínhamos que achar um lugar pra acampar, visualizei uma vila abandonada ao pé de um cerro, uns 1000 metros da estrada principal, fomos até lá e encontramos uma casa com teto ainda, provavelmente um antiga escola, montamos as barracas lá dentro protegidos do vento que soprava lá fora.