Acordamos cedo, desmontamos as barracas e comprei um pouco de gasolina do Cleber para colocar no meu galão, tinha informações de que seriam 450 km sem postos. O Cleber foi dar a partida na moto e nem o painel ligou, a bateria tinha descarregado, o Samuel e o Cleber levaram a moto até um morrinho e deram um tranco, ligou de primeira. Depois disso saímos dali e fomos até a estrada, onde o Cleber e o Marcelo voltariam pra La Quiaca para seguir pela Ruta 9 até Cafayate, onde nos esperariam para continuar a viagem. Nos despedimos e eu e o Samuel seguimos pela Ruta 40, os primeiros 100 km foram de estradas boas com pouca costela de vaca e nada de bolsas de pó, podíamos manter a velocidade entre 60 e 80 km/h, esta parte não tem atrativos, apenas paisagens normais de altiplano desértico.
Eis a primeira placa indicativa de km que achei na Ruta 40
Depois desta parte do trajeto melhorou bastante o visual, passamos por uma parte da ruta que segue por 11 km pelo leito de um rio que corre em um vale muito bonito, fomos devagar, pois tinham muitas pedras soltas e buracos.
Rodamos até o meio dia, fizemos os 100 primeiros quilômetros e paramos para almoçar em frente a uma paisagem magnífica, era a cordilheira em uma parte onde rochas de todas as cores surgem fazendo com que a paisagem pareça um cartão postal.
O almoço foi feito pelo "Gomes", sardinhas defumadas com pão boliviano, comemos sem pressa e ao sair para nossa surpresa o pneu dianteiro da moto do Samuel estava furado.
Como o Samuel já tinha arrumado o primeiro dias atrás, agora ele já foi meio ninja para desmontar e montar o pneu, feito o reparo pegamos novamente a estrada, desta vez com paisagens lindas, muitas paradas para fotos e boa estrada.
Passamos pela parte mais bonita da Ruta 40 e chegamos à uma encruzilhada já no fim da tarde e fomos parados, no meio do deserto, por policias que estava em uma Hilux descaracterizada parando todo mundo, pelo menos nós e um carro que vinha no sentido oposto, perguntaram de onde vinha-mos e para onde íamos e nos liberaram, as duas estradas levariam à Susques, perguntei para o policial qual era a mais bonita, ele falou que as duas eram, mas que o caminho à esquerda tinha muitos precipícios. Não pensei duas vezes: "É por lá que vamos!"
Seguimos então por aquele caminho, caminho realmente muito bonito, passa entre um vale com a estrada cortando o vale, bem estreita e com muito precipícios mesmo. Seguimos até o sol se por procurando um lugar pra acampar, decidimos descer da estrada e tentar acampar dentro do rio em algum lugar que não desse pra ver da estrada, tentamos andar lá, mas tinha muita areia, as motos caíram algumas vezes e desistimos, voltamos para a estrada e uns 5 km depois achamos uma casa em construção no meio da montanha, fomos lá e montamos a barraca dentro.
